Amargura…
Quero ir mais além,
porém já não sou capaz,
a doença persegue-me
e é meu capataz…
Que poderei eu fazer,
se um momento é tão pouco
e tenho tanta ânsia de viver,
mas o mais certo é tão louco!
Até há dias em que o respirar
parece uma longa odisseia
e qualquer gesto mais rápido
(ou um sorriso mais aberto)
sugere que somos mortais
e a morte está mais perto.
Quem me dera viver
cem anos ou até mais,
com saúde e vigor,
livre dos meus ais.
Todavia há uma consolação,
um conforto da minha alma,
quando penso nos meus filhos,
pérolas do meu coração,
que em qualquer desaire
são a fonte da minha calma.
Não quero partir já,
nem sequer amanhã ou depois;
teimosamente, hei-de resistir
e mostrar que estou aqui,
lutando até ao fim,
bradando ou gritando,
calando ou silenciando
estas dores que me consomem
e me lembram que hei-de ir,
mas hoje, NÃO, NÃO!
HOJE, fico por AÍ…
17 de Junho de 2010
10h 55min.